Após tragédia ocorrida com o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), no dia 27 de janeiro, em que 241 pessoas morreram durante um incêndio, ocasionado pela utilização de um sinalizador que atingiu a espuma do isolamento acústico do estabelecimento, a questão da prevenção de incêndio tornou-se assunto corriqueiro e passou a ter mais atenção por parte não só das autoridades mas de todas as pessoas, que um momento para outro podem se ver em situação idêntica ou parecida.
Com o objetivo de informar e tirar dúvidas de representantes de entidades, clubes, associações e da população de forma geral, na tarde de terça-feira (19), foi realizada reunião com o comandante do Corpo de Bombeiros de Medianeira (a qual atende Missal, entre outros municípios), capitão Ivo Lucio Fischer, que por mais de uma hora respondeu perguntas dos presentes. Além dos representantes de clubes e afins, participaram engenheiros civis e arquitetos, o prefeito Adilto Ferrari, presidente da Câmara vereador Nelson Fernandes, vereadores e outros representantes do poder público.
O capitão Fischer ressaltou que o incêndio ocorrido na boate em Santa Maria não mudou em nada a legislação e a forma de agir do Corpo de Bombeiros. “Desde sempre analisamos e aprovamos ou não os projetos de prevenção de incêndio, sendo que quem responde pela liberação das obras é a prefeitura. Obras acima de 100 metros quadrados precisam ter projeto de prevenção de incêndio, que é exigência das prefeituras, sendo que para a liberação do habite-se também é exigido laudo do Corpo de Bombeiros. Quando este procedimento não é realizado, a obra estará ilegal, especialmente no caso de locais de grande aglomeração de pessoas”.
Ele ressaltou também que o Corpo de Bombeiros não interdita. “Nós não temos o poder de polícia, mas, por exemplo, se a promotoria pública nos solicitar o laudo liberando a realização de determinado evento, e este não existir, a promotoria interdita o local/suspende o evento, independentemente do ‘tamanho’: pode ser um evento que reunirá 200 ou 2000 pessoas. Sem laudo poderá ser cancelado.”
Outro detalhe lembrado pelo capitão Fischer é que a Polícia Civil não concede licença para eventos sem o laudo do Corpo de Bombeiros.
Projeto
Sobre o projeto de prevenção de incêndio, capitão Fischer lembrou que este deve ser feito por um engenheiro civil, sendo que vários são os itens a serem analisados durante a vistoria das equipes do Corpo de Bombeiros, estão as portas de emergência, as barras antipânico, extintores de incêndio dentro da validade, iluminação de emergência, revestimento de pisos e paredes com certificação e sistema contra incêndio por hidrantes. “Todos os itens exigidos deverão estar de acordo, lembrando que deve ser observada a capacidade (número de pessoas) do local”.
Ao concluir, o comandante do Corpo de Bombeiros de Medianeira ressaltou que “não existe local quase certo. Ou está de acordo com as exigências ou não”.
Observações
Selecionamos alguns itens importantes que dizem respeito ao assunto:
- No município de Missal, por exemplo, muitos são os clubes que possuem assoalho e forro de madeira. Estes poderão ser mantidos, desde que seja ‘passado’ o material antichamas;
- Forro de PVC é proibido;
- Se um local é liberado como bar, lanchonete ou restaurante, este é o fim, por isso não pode ser realizado festa ou baile no local;
- Os itens exigidos variam conforme a que se destina o local, sendo analisados ainda os riscos, que são diferentes de um local para outro;
- Igrejas e templos também terão que se adequar as normas.
- No município de Missal, por exemplo, muitos são os clubes que possuem assoalho e forro de madeira. Estes poderão ser mantidos, desde que seja ‘passado’ o material antichamas;
- Forro de PVC é proibido;
- Se um local é liberado como bar, lanchonete ou restaurante, este é o fim, por isso não pode ser realizado festa ou baile no local;
- Os itens exigidos variam conforme a que se destina o local, sendo analisados ainda os riscos, que são diferentes de um local para outro;
- Igrejas e templos também terão que se adequar as normas.
Normas
O Comandante do Corpo de Bombeiros do Paraná, coronel Luiz Henrique Pombo do Nascimento, esteve no dia 18 de fevereiro, na Assembleia Legislativa, e falou sobre as normas de prevenção adotadas pela corporação, consideradas das mais severas do país. O atual Código de Prevenção foi elaborado no início do ano passado e recebeu revisão recente que o torna referencial, junto com São Paulo, para os demais estados brasileiros.
Segundo o coronel, a legislação paranaense é totalmente diferente da do Rio Grande do Sul, atingido pela tragédia da boate Kiss, em Santa Maria. Lá as vistorias são solicitadas depois que os estabelecimentos começam a funcionar. Aqui, eles só podem começar a funcionar após serem vistoriados pelo Corpo de Bombeiros. Ainda assim, o comandante disse que conta com o apoio do Legislativo estadual para transformar em projeto de lei as normas de prevenção, de modo a evitar que os trabalhos da entidade possam ser suspensos por liminares judiciais, como ainda ocorre.
Assessoria
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