Margem recua três metros e ameaça pesca na região

Santa Helena - Nas Cataratas do Iguaçu, a vazão não baixou. Na semana passada ela estava em aproximadamente 1,3 mil metros cúbicos de água por segundo, no entanto tudo indica ser a estiagem dos últimos meses que tem provocado uma baixa considerável nas margens das parias artificiais da região.

Em Santa Helena são mais de três metros que o rio Paraná recuou. A estrutura do píer, na praia artificial, que antes ficava parte debaixo da água agora está totalmente seca. No rio São Francisco Falso, que desemboca no Paraná, a margem baixou nos últimos dias 1,5 metro. Essa situação tem deixado os pescadores do Oeste preocupados.

O presidente da associação onde estão ligados 120 profissionais, Lirio Hoffmann, alerta que a situação tem ameaçado o trabalho e a renda. “Diminuiu muito nos últimos dias a quantidade de peixe até porque a maior parte deles estava na barranca”, conta.

Muitos precisam se aventurar por até 20 quilômetros rio adentro para não voltar para casa de mãos abanando. Para se ter ideia, o barco que antes ficava sob a água, agora está ancorado em um lamaçal. “A gente não sabe se isso ocorre pela falta de chuva ou se estão baixando o nível do rio para limpar, mas não nos informaram nada”, destaca Lírio.

Essa não é a pior baixa que o pescador Valdevino Nunes de Camargo já viu, mas ele relata que nos últimos 30 dias as margens estão bem mais distantes. Nos 22 anos de profissão ele lembra que isso ocorreu pelo menos três outras vezes. “Em uma delas foi demais. Na década de 1990 deu uma seca tão grande que a margem caiu uns sete metros”, conta.

Ele e a esposa, a pescadora Clarice de Oliveira Becker, vivem na Colônia de Pescadores Nossa Senhora dos Navegantes e vão todos os dias por volta das 5h rio abaixo em busca da sobrevivência. Nos últimos dias eles têm feito uma viagem diária de 20 quilômetros para armar as redes. “A gente sabe que não é só pela falta de chuva, outras coisas podem estar afetando o cenário”, esclarece. Em dias bons, como dizem, eles chegam a fazer duas ou três viagens.

Cenário é um dos piores em 30 anos

O aposentado Geraldo Caieiro visita o balneário de Santa Helena há sete anos. Vem de Curitiba e fica na cidade acampado em seu motorhome 40 dias por ano. Gosta de pescar para passar o tempo, mas desta vez confessa: “Não tem peixe fácil na margem. Ainda não tinha visto o rio desse jeito, olha só como estão as estacas de dentro da água ou que deveriam estar dentro dela, estão todas fora”, alega ao apontar para o rio.

O fiscal do Instituto das Águas da Secretaria de Estado de Meio Ambiente na regional do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) em Toledo, Robert Gordon Hickson, constata que de fato isso pode estar ocorrendo em virtude das chuvas.

Ele conta que a quantidade de chuvas dos últimos meses não é menor do que a média histórica, porém, o que tem ocorrido é que as precipitações estão ocorrendo com menos frequência, tratam-se de chuvas isoladas e com volumes maiores. “O que antes chovia em cinco ou mais dias agora chove em dois e depois não chove mais. Essa água em excesso vai escoar e, sem registros frequentes, os rios vão baixar”, destaca.

Robert também constata que a evaporação é maior em casos assim. “Mas vivemos um dos piores momentos dos últimos 30 anos. A agricultura está aí para provar isso”, segue. Enquanto isso, a falta de chuva continua prejudicando as lavouras e ameaçando o abastecimento de água na região. Não há previsão de chuva para o Oeste, afirma o Simepar.

Hidrelétrica opera normalmente Na Itaipu Binacional, a informação é de que o reservatório está operando dentro da cota normal, entre 219 metros e 220,50 metros cúbicos por segundo. A geração de energia também está em ordem. No fim da tarde de sexta-feira, a usina estava gerando em torno de 11.716 MW. “Cabe observar que a Itaipu é a última usina da Bacia do Rio Paraná administrada pelo Operador Nacional do Sistema e a vazão que chega ao reservatório é resultante da operação otimizada de todas as usinas à montante”,repassou a hidrelétrica.  O Paraná