Governo faz proposta, mas policiais rejeitam e voltam a cogitar greve

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O governador Beto Richa (PSDB) anunciou ontem a proposta do governo do Estado para o subsídio dos policiais militares. A proposta, que foi apresentada pelo Comando Geral da PM aos policiais e bombeiros, prevê um reajuste de 23% nos salários, que serão pagos em forma de subsídio, incorporando ao soldo inicial todas as gratificações a que os militares têm direito.

Pela proposta, o salário inicial de um policial militar passará para R$ 3 mil. O reajuste poderá entrar em vigor a partir de 1º de maio – caso seja aceito pela categoria e aprovado pela Assembleia Legislativa do Paraná. Beto também anunciou um aumento de 20% acima da inflação para os policiais civis.
A proposta do governo visa cumprir a Emenda 29, aprovada em 2010 pela Assembleia, que determina o pagamento das forças de segurança através de subsídio. O governador declarou que a proposta é o máximo que o governo pode chegar após diversos estudos de impacto econômico. 
Os quase R$ 3 mil propostos de salário inicial estão bastante distantes dos R$ 4,5 mil pedidos pela PM. “Esse reajuste representa 17,5% de aumento real. É impossível se atingir o que os policiais pedem, criou-se até uma falsa expectativa de que o subsídio cobriria todas as perdas que os policiais alegam ao longo dos anos, mas 23%, eu não sei de qualquer categoria que teve um reajuste desses ao longo de um ano”, disse o governador.
Sobre a possibilidade de os policiais rejeitarem a proposta, o governador disse que não há milagre. “Não tem passe de mágica para repor perdas de 13 anos. Eu tenho que zelar pela boa aplicação do recurso público, dinheiro que pode faltar na educação, saúde, infraestrutura. Mas tenho convicção que um reajuste de 23%, que coloca a PM do Paraná com o segundo melhor salário do País, será aceito pelos policiais”. Se aceita pela categoria, a proposta deve ir para Assembleia na semana seguinte ao Carnaval, em 1º de março.

Proposta não agrada categorias

Tanto policiais militares quanto policiais civis, reunidos durante toda a tarde e noite de ontem, rejeitaram quase que por unanimidade a proposta. Uma das principais críticas é que o governo não está cumprindo a determinação da Emenda 29 de que o menor salário da corporação não pode ser inferior a 37% do maior valor pago. 
“Essa proposta subiu, apenas, dos 19% atuais, para 20,6%. Então, é esse 1,6% o aumento real que ele está dando”, disse o presidente da Associação dos Praças da PM do Paraná, Orélio Fontana Neto. O sargento, no entanto, disse que sua entidade ainda não fala em greve. “Teremos uma assembleia na sexta-feira e queremos voltar a negociar com o governo depois do Carnaval. Essa palavra (greve) ainda não está no nosso dicionário”, afirmou. 
O coronel Elizeo Ferraz Furquim, presidente da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares, também acredita em mais negociação. “Essa proposta não nos convenceu, mas acredito que as negociações não terminaram. Só quando não houver mais possibilidade de entendimento que estudaremos medidas radicais como a greve”, disse. 
Furquim ainda lembrou que esse reajuste só está sendo oferecido para os policiais da ativa. “E os policiais da reserva, que arriscaram suas vidas e acumularam perdas durante todos esses anos?”, questionou.
Já a Polícia Civil parece menos paciente para a negociação. “Nossa carreira exige nível superior, é insalubre, há risco de vida, é de extrema responsabilidade. Um salário inicial digno, para o policial civil, seria de R$ 5,7 mil”, disse o presidente do Sindicato dos Investigadores da Policia Civil, Roberto Ramires. “Essa proposta de R$ 2,7 mil é uma piada. A greve pode ser sim nossa única saída”, emendou. 
O Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná foi ainda mais além e, em assembleia encerrada às 21h de ontem, aprovou um indicativo de greve, ameaçando paralisação caso o governo não apresente uma nova proposta em 24 horas. “Suspendemos a manifestação do mês passado porque o governo prometeu uma proposta até terça-feira, e nada foi apresentado. Hoje (ontem), um dia depois do prazo, aparece essa proposta de 26%, muito aquém de nossas reivindicações. Por entender que a classe está sendo desrespeitada, aprovamos o indicativo de greve”, disse o presidente do sindicato, André Gutierrez.

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